sábado, 16 de outubro de 2010

RODOVIÁRIA DE SÃO LOURENÇO - por volta de 19h

Ah, como é boa a vida sem celular! E, às vezes, é boa a vida sem música. É curiosa a vida em uma rodoviária de interior sem uma banca de revistas.

Em São Lourenço, a rodoviária é um galpão (tá, é quase um loft, pois a administração se encontra no segundo pavimento com vistas para o primeiro) e é circundada por janelas azuis que pintam a cidade com uma tonalidade turquesa.
Ter de esperar 2 horas em uma rodoviária de interior é completamente diferente da espera em uma rodoviária de grande porte. À moda bem interiorana, aqui não tem sequer um relógio (te juro, procurei por todos os cantos!). Não tem nem nos guichês das companhias. Não tem também televisão ou displays de "Você Sabia?", o que favorece imensamente o diálogo entre desconhecidos. Vai ver que é por isso que se difundiu esta cultura na região. Conversar com desconhecidos faz parte de qualquer viagem, seja qual for a distância.
Os trabalhadores do local tanto sabem dos anseios dos passageiros que já avisam de antemão: "É a única opção". Foi assim que, com uma carinha de desconsolo, o rapaz da bilheteria me advertiu que não adiantava nem tentar descer em trevos ou procurar um horário mais próximo. Este terminal também conta com o seguinte aviso: "Favor não deitar nem colocar os pés nos bancos". Quer evidência maior de que o tempo aqui passa mais lento?
Hoje eu resolvi fazer este relato, mas tenho certeza que sem eletrônico nenhum e com a proibição de se esparramar nos bancos, eu estaria mesmo era na rodinha atrás de mim, compondo um quinteto especializado em "conversa fiada".
A mensagem da placa de inauguração também é bem apropriada: "Quando amamos e acreditamos do fundo de nossa alma em algo, nos sentimos mais fortes que o mundo. e somos tomados de uma certeza de que nada poderá vencer nossa fé". Que belo isso, não? Coincidentemente, sentou ao meu lado um vendedor de doces que acreditava "do fundo da alma" dele que eu precisava adquirir tais guloseimas. Bom, fiquei tocada pelo moço que vende doces em uma rodoviária deserta.
Meu ônibus chegou. "Cidade do Aço". E, falando em forças, vou ali recuperar as minhas em outra rodoviária deserta, mas cheia de abraços de minha mãe.

08 de outubro de 2010, 19:55.

3 comentários:

Viviane Damasceno disse...

Hahaha ri mt com o comentario do quinteto da conversa fiada
kkkkkkkkkkkkkkkkkk


as rodoviarias do Brasil sao a merda mesmo..arghh!!!

Dayanne disse...

Vc voltou a postar! E eu novamente aqui pra ler suas desventuras por esse mundão a fora. Belíssima crônica! : )

Dayene disse...

Obrigada, meu beeem! ;)

Voltei a postar sim...bem sem querer, na verdade, só para exercitar a escrita. E já estou cheia dos textos por publicar...Descolei um moleskine como companhia, então agora escrevo onde estiver!

Saudades, amo-te!